sábado, 12 de fevereiro de 2011

Tudo acontece em Elizabethtown


título original: (Elizabethtown)
lançamento: 2005 (EUA)
direção:Cameron Crowe
atores:Orlando Bloom, Kirsten Dunst, Susan Sarandon, Alec Baldwin.
duração: 123 min
gênero: Comédia Romântica

Sinopse

"Após provocar um prejuízo de US$ 972 milhões para a Mercury, a maior empresa de esportes dos Estados Unidos, ao elaborar um tênis que foi um fiasco, Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido pelo magnata Phil DeVoss (Alec Baldwin). Ellen Kishmore (Jessica Biel), sua namorada, acaba com Drew. Ele decide cometer suicídio e estava para executá-lo, quando o celular toca. Drew atende e sabe através da sua irmã, Heather (Judy Greer), que o pai deles, Mitchell (Tom Devitt), morrera de infarto em Elizabethtown, Kentucky, cidade-natal de Drew. Heather diz que ela e a mãe deles, Hollie (Susan Sarandon), precisam do apoio dele e, além disto, teria de ir até Elizabethtown para ajudar a organizar o funeral. No vôo ele conhece Claire Colburn (Kirsten Dunst), uma aeromoça que lhe dá alguma esperança no futuro. Porém este futuro pode ser incerto, pois as pessoas que crêem nele são os moradores de sua cidade, que o julgam um vencedor. Mas logo será publicado que Drew cometeu um dos maiores fiascos comerciais do país."

Por Marcelo Hessel

A América anda precisando de colo. O diretor Cameron Crowe oferece o seu no edificante Tudo Acontece em Elizabethtown (Elizabethtown, 2005).

Meio termo entre a leveza de Quase Famosos e a presunção de Vanilla Sky, seus dois trabalhos anteriores, a comédia romântica conta não a história, mas a tragédia pessoal de Drew Baylor (Orlando Bloom). Desenhista de produção de tênis esportivos, ele passou oito anos criando um modelo em forma de arraia que, uma vez nas prateleiras, se tornou um marco do fracasso na indústria de calçados. A multinacional perdeu quase 1 bilhão de dólares por causa da criatividade de Drew.

Ele não repensa duas vezes a decisão de se matar, com requintes de masoquismo. Mas na hora H sua irmã lhe telefona. Daí já se percebe que é um filme do ex-crítico musical Crowe: o ringtone do suicida (I can tuuuurn a grey sky bluuuuue...) é a suingada "I cant get next to you", do Temptations. O refrão é irresistível. Drew atende o celular e descobre que terá que adiar o encontro com a morte porque seu pai faleceu.

Começa aí uma jornada de perdão, redenção, paixão, todos os ãos possíveis, mais um pouco da descoberta da beleza que é viver cada dia como se fosse o último. O nirvana de Drew é Elizabethtown, cidade-natal de seu pai, local que existe de verdade, no interior do Estado caipira de Kentucky. Drew deixa o sonho liberal, californiano, do self-made man para trás, troca-o pelo aconchego da América Profunda e das bandeiras hasteadas no jardim. Não é difícil entender onde Crowe quer chegar e, mais importante, com quem tenta falar.

Na exibição para a imprensa ocorreu fato inusitado. A distribuidora exibiu um vídeo prévio em que o próprio diretor introduz o filme, explicando a ligação emotiva entre ele e a obra, pois ele próprio é de Kentucky e seu pai havia falecido recentemente. O fato de Crowe se justificar, explicar o trabalho, dar idéias de como Elizabethtown poderia ser interpretado, é bastante sintomático da relação que o filme tem com o espectador: pegar pela mão, palestrar lições de vida, indicar caminhos, não esquecer a 60B, não esquecer a 60B, não esquecer a 60B.

Seria fácil enxergar um pouco de Cameron em Drew, mas o verdadeiro alter-ego do diretor em cena é a comissária de bordo Claire, interpretada por Kirsten Dunst. Contribui para a atitude passiva de Drew o fato de Orlando Bloom ser muito fotogênico e um péssimo ator. É Kirsten quem toma conta do fime. É ela quem pega o suicida fracassado pela mão (como o diretor faz com o espactador), é ela quem lhe diz que músicas tocar em determinados trechos da estrada (como Crowe se habituou a fazer, inserir trilha sonora em toda e qualquer situação de reflexão). Claire é a caridosa Amélie Poulain da América - ajudando os necessitados sem pedir licença.


Mesmo sendo um filme lento e embalado por uma trilha sonora bem eclética,é um dos meus filmes prediletos,pois ensina que sempre devemos recomeçar e para isso.....não estamos sozinhos.

Nenhum comentário: